Em 2013 quando começamos a falar de gamificação no Brasil na Opusphere, não existia a consciência do tema. Uma de nossas maiores missões na época era de evangelizar sobre o assunto, de contar onde e como essa estratégia pode ser aplicada.
Hoje existem poucas empresas que nunca ouviram falar de gamificação. Todas elas, bem ou mal, já fazem uma relação com games e jogos em seu ambiente corporativo.
O lado ruim – como toda e qualquer inovação – é que a expectativa do mercado é elevada a níveis muito altos e as empresas começam a enxergar isso como uma solução mágica que vai resolver todos os problemas corporativos de uma vez. Sempre tentei deixar isso claro nas minhas conversas nas empresas também.
A Gartner é uma consultoria que anualmente divulga uma curva de inovação – o Hype Cycle – com 5 estágios, onde ela posiciona cada nova tecnologia em cada um destes estágios em uma linha do tempo: o surgimento, o pico das expectativas elevadas, o vale da desilusão (carinhosamente apelidado na Opusphere de “o vale da morte“), a subida da iluminação e o platô da produtividade.
Necessariamente qualquer nova tecnologia passa pelas 5 fases, umas mais rápidas outras mais lentas. Veja o gráfico do ano passado para ter uma ideia:
Tudo isso para falar que estou lendo o Gamificar do Brian Burke, VP da Gartner, e que logo no início do livro ele passa por 3 pontos que acho bacana deixar aqui. São pontos de atenção para você refletir antes começar a pensar em gamificação na sua empresa.
#1. A gamificação não é pra fazer com que atividades normais pareçam jogos.
Apesar do fator diversão ser importante, a gamificação tem mais relação com engajamento e comportamento do que com entretenimento. Transformar um processo existente e funcionando em um jogo só vai gastar recursos e tempo.
#2. A gamificação não vai ajudar seu produto a melhorar em relação à concorrência.
Se o seu produto ou serviço não tem uma vantagem significativa para o seu cliente em relação às outras opções de mercado, a gamificação não vai convencer ninguém do contrário.
#3. A gamificação não vai fazer com que uma pessoa trabalhe mais.
Por mais bacana que seja seu trabalho, diversão não é o único motivo – talvez nem seja o principal – que faz com que você trabalhe. Achar que a gamificação vai aumentar hipnoticamente o interesse dos funcionários pela sua empresa é ingênuo demais.
“Neste momento a gamificação está em rota de colisão com a realidade.” – Brian Burke
Para cada caso de sucesso em gamificação estão aparecendo muitos outros de fracasso. E isto está extremamente relacionado com estes pontos acima. Sem o entendimento do problema e do objetivo, a gamificação pode acabar sendo responsabilizada pelo fracasso sem motivo.
Está com um problema e quer saber se a gamificação pode ajudar? Vamos conversar! Mas saiba que eu não terei pudor nenhum em falar que a gamificação não vai salvar sua empresa.